Albertine Sarrazin - argumentista

« L’ASTRAGALE », O LIVRO
Quando escreveu “L’Astragale” em 1964, Albertine Sarrazin estava na prisão durante quatro meses pelo roubo de uma garrafa de Whisky.
Aí conta a história do seu amor louco por Julien, um fora-da-lei que conheceu numa noite de abril, sete anos antes, enquanto se arrastava pela estrada após saltar do muro da prisão (e partir o osso do pé que dá o nome ao livro). A partir desse momento, irá viver 18 meses de paixão com ele, cheios de esconderijos, roubos e prostituição.
Em setembro de 1958, foram ambos presos: Julien é libertado por falta de provas mas Albertine mantém-se encarcerada em Amiens. A 7 de Fevereiro de 1959, Albertine e Julien casam-se no cartório em Amiens e Albertine regressa imediatamente para a prisão após o casamento. Libertada em 1960, reencontra finalmente aquele que afectuosamente chama de “Zi”. Pouco depois, recomeçam a roubar e o casal é de novo detido e preso. Após ser libertada Albertine instala-se em Troyes, depois em Alès, onde é detida mais uma vez: fica detida quatro meses, nos quais escreve “L’Astragale”, até ser libertada em Agosto de 1964. Nunca mais regressará à prisão.
O ano seguinte, um amigo comum entrega os manuscritos de “La Cavale” (redigidos em 1961) e de “L’Astragale” à editora de Jean-Jacques Pauvert; Simone de Beauvoir, por sua vez, recomenda os textos à Gallimard. Em Outubro, Pauvert publica simultaneamente os dois romances: o sucesso de ambos é enorme e Albertine torna-se célebre da noite para o dia. Escreverá mais um romance, “La Traversière”, em 1965, mais um sucesso. Operada a dores abdominais em 1967, não acorda da anestesia. Julien continuará a publicação póstuma da escrita de Albertine até à sua morte em 1991, altura em que foi sepultado ao lado dela.
“L’Astragale”, autobiográfico e escrito na primeira pessoa, deu a conhecer tanto a vida das mulheres na prisão como a da prostituição da sua heroína, crianças em instituições públicas (e mais tarde rejeitadas pelos pais adoptivos), a vida dos fugitivos, acostumados desde a adolescência a casas de correcção e à prostituição, almas selvagens levadas à revolta e insubordinação. O livro fala também abertamente dos amores homossexuais da sua heroína e perturba as convenções impostas pela sociaedade da época… a sua força continua a sentir-se profundamente hoje.
« Coloquei o pé na vida de um bandido e tudo me surpreende, tudo me intriga… »
Albertine Sarrazin, « L’astragale »