
O ASTRÁGALO, um filme de BRIGITTE SY – Em exclusivo nos CINEMAS MEDEIA a 9 de Julho
«Coloquei o pé na vida de um bandido e tudo me surpreende, tudo me intriga… »
Albertine Sarrazin, «L’astragale »
Realizado por BRIGITTE SY, O ASTRÁGALO é uma adaptação do romance homónimo de Albertine Sarrazin, protagonizado por Leila Bekhti, Reda Kateb e Esther Garrel.
Quando escreveu o livro «L’Astragale» em 1964, Albertine Sarrazin estava na prisão, onde cumpria uma pena de quatro meses pelo roubo de uma garrafa de whisky. Na obra, conta a história do seu amor louco por Julien, um fora-da-lei que conhecera numa noite de Abril, sete anos antes (em 1957), enquanto se arrastava pela estrada após ter saltado o muro da prisão (e partido o osso do pé que dá o nome ao livro). A partir desse momento, irá viver 18 meses de paixão arrebatadora com Julien, entre esconderijos, roubos, fugas e a prostituição.
O filme O ASTRÁGALO conta a história de Albertine, desde o momento da sua fuga, numa noite em Abril de 1957, até Junho de 1958, quando é detida em Paris.
«L’Astragale», romance autobiográfico e escrito na primeira pessoa, deu a conhecer tanto a vida das mulheres na prisão como a da prostituição da sua heroína, crianças em instituições públicas (e mais tarde rejeitadas pelos pais adoptivos), a vida dos fugitivos, acostumados desde a adolescência a casas de correcção e à prostituição, almas selvagens levadas à revolta e insubordinação. O livro fala também abertamente dos amores homossexuais da sua heroína e perturba as convenções impostas pela sociedade da época. «L’Astragale» é uma obra marcante, cuja força continua a sentir-se profundamente hoje.
“Quando, ainda muito jovem, li o ‘L’Astragale’, senti que o meu destino estaria ligado à prisão, embora não da mesma forma que o de Albertine Sarrazin.
É possível que em noites distantes, eu tenha sonhado ser Albertine, muito antes de ter caminhado do outro lado do muro. Ou talvez tenha sonhado que esta mulher, real e maliciosa, delicada e violenta, irónica, intelectual, sensual, terna, agressiva e determinada, fosse a minha mãe.
Este é igualmente o retrato de uma jovem cuja paixão pelo extremo, o amor pela liberdade e a excitação da juventude tornam numa heroína moderna. Albertine não pertence a nada a não ser ela mesma. Ela é o seu mundo, a sua terra, o seu próprio planeta. Um planeta em chamas que virá a explodir em pleno voo.
(…)
Em fuga e em guerra contra tudo o que a prende, num momento em que a Argélia está banhada em sangue, quando ocorrem os primeiros atentados em França e a FLN é lançada. Albertine, que nasceu na Argélia, abandonada e adoptada posteriormente por um casal francês, ‘ignora’ as suas raízes africanas. Atravessa as ruas de Paris e atravessa toda a França. Procurada pelas autoridades, cada minuto de liberdade poderá ser o último, cada testa franzida poderá significar uma traição.
A sua capacidade extraordinária de crer que é indestrutível e livre dos perigos que a ameaçam, mas é sobretudo a sua necessidade de escrever que a salva. A escrita é a pele de Albertine. Para a atingir verdadeiramente no seu corpo e alma, seria necessário impedi-la de escrever.
A fuga, a prostituição, a solidão, a espera, os riscos tomados, são uma forma de viver, de continuar a viver enquanto espera pelo reencontro com Julien. No fundo, o fim do filme, o momento da separação radical entre ambos, é o verdadeiro começo da sua grande história de amor, como escreveu Albertine ‘sem terra, sem casa’”, declara a realizadora BRIGITTE SY na sua nota de intenções.
Luc Chessel, na publicação Les Inrockuptibles, descreve O ASTRÁGALO como “um filme com uma vibração profundamente contemporânea” e com “um inebriante preto e branco pré-Nouvelle Vague”.
O ASTRÁGALO estreia-se em exclusivo na MEDEIA FILMES.